Durante o século 17, graças aos editores das obras de Boehme, difundiu-se o uso da palavra teosofia para designar uma corrente esotérica que surgiu, entre outras, no século 16, e à qual podemos associar, na época, Valentin Weigel (1533-1588), Heinrich Khunrath (1560-1605) e Johann Arndt (1555-1621). A teosofia não é uma doutrina propriamente dita, mas uma atitude filosófica e religiosa, e uma forma específica de pesquisa espiritual, que etimologicamente significa "sabedoria de Deus". Com a obra de Boehme, a teosofia adquire, além dum certo pluralismo doutrinário, as suas características definitivas, que Antoine Faivre sintetizou em três pontos: 1) Deus, homem e natureza são associados para fazer objeto de especulação a partir de fenómenos de iluminação; 2) Os aspectos míticos da revelação cristã são privilegiados pelo teósofo, que encena Adão, Lúcifer, os anjos, mas também a Sofia ou o andrógino primitivo; 3) O ser humano possui a capacidade de acessar imediatamente o mun...