Fórum A Sabedoria Divina - O problema do mal para Jacob Boehme

O problema do mal surgiu em Boehme no contexto da época. A letra da Escritura nada dizendo sobre a origem do mal, o crente não procurou resolver o mistério. Ora, é esse mistério que Boehme tenta abordar graças a uma revelação do tipo gnóstico. Ele escreve à sua maneira uma teodiceia autêntica que justifica tanto a existência de Deus quanto a do mal. Ele não invoca apenas a culpa de Adão para fazer isso. Pelo contrário, ele estabelece a preexistência do mal em relação ao pecado de Adão, que ele interpreta como consequência. É isso que a sua teoria da natureza, concebida no quadro de uma teogonia e de uma cosmogonia, pretende mostrar. Para Boehme, o mal não está em Deus, mas está na natureza que o revela e sem a qual permaneceria para sempre incognoscível. No entanto, o nascimento da luz no ciclo da natureza original mostra como esse mal foi lá derrotado e será novamente.

De acordo com Boehme, Deus originalmente cria as trevas, que é o abismo no qual o anjo caído (Lúcifer) será lançado. Este abismo é o arquétipo do mal, cuja existência precede o nascimento do diabo. Este anjo em particular realiza por sua ambição pessoal o verdadeiro pecado original, levando ao de Adão. O pecado original do ser humano, portanto, segue o dos anjos. A matéria grosseira real, o corpo corrompido da natureza, é uma consequência temporária disso. O cenário cosmogónico é então o seguinte: Deus puniu o anjo caído (Lúcifer) criando o mundo para trancá-lo, e o homem foi criado por sua vez para servir como seu carcereiro. Então, o homem, caído sob a influência de Lúcifer, corrompeu-se, envolvendo a Natureza na sua própria queda.

É nesta Natureza corrupta resultante do pecado original que alguns escolhidos terão o privilégio de renascer de forma espiritual. O problema do mal é resolvido na perspectiva deste novo nascimento. Deus usa o mal para testar o homem através do sofrimento, e a beatitude será a alegria da vitória da luz sobre as trevas. Boehme rejeita nesse sentido a ideia que ele atribui a Calvino de um duplo decreto de eleição e reprovação. Para ele, a chamada de Deus é dirigida a todos, como a de Satanás. Mas apenas alguns indivíduos acabam por ser eleitos. Os eleitos são aqueles que respondem à vocação divina. É o segundo nascimento que consagra a eleição, e não o primeiro. Ser eleito é tornar-se num verdadeiro filho de Deus, num novo ser humano encarnando a graça divina.

❓ Para Jacob Boehme, quem criou o mal? Adão teve culpa da sua queda?



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