Fórum A Sabedoria Divina - A Posteridade de Jacob Boehme

O primeiro discípulo de Boehme, após a sua morte, foi Johann Georg Gitchel, que publicou as suas obras em 1682. Entusiasmado com a sua teosofia, procurou reformar o cristianismo na Alemanha, mas acabou tendo que fugir para a Holanda. Fundou uma fraternidade cujos membros eram "anjos" destinados a uma existência purificada das contingências do mundo, e generalizou a proibição do casamento até então limitada aos sacerdotes. Outros discípulos importantes assumiram, desta vez na Inglaterra, a tocha da teosofia Boehmiana: John Pordage e Jane Leade marcaram assim a teosofia do século 17. Mas, ao contrário de Boehme, aderiram à tese da apocatástase (reintegração final de todos os seres em Deus). Na primeira metade do século 18, foi William Law quem, na Inglaterra, melhor representou o teósofo alemão, ao mesmo tempo que defendeu a tese da apocatástase rejeitada pelo mestre.

Na Alemanha, a influência de Boehme exerceu-se no contexto do Pietismo, com o qual a teosofia tem algumas afinidades, registando-se como ele num movimento de reação tanto contra a Aufklärung (Iluminismo) do século 18 quanto contra um cristianismo de vocação social ou moral, considerado superficial. Foi em meados deste século que o teósofo Friedrich Christoph Œtinger combinou na sua obra as concepções de Boehme com as da Cabala. As sete Sefirot inferiores, ditas “de construção”, tornam-se nele os sete “espíritos” de Boehme. Um contemporâneo de Oetinger, Nikolaus Ludwig von Zinzendorf, fundador da comunidade Irmãos Morávios na Alemanha, assumiu elementos essenciais da teosofia de Boehme na sua própria teologia. Na França, Pierre Poiret publicou já em 1679 as Obras de Antoinette Bourignon que, segundo Antoine Faivre, teve parte da sua inspiração na obra do teósofo alemão, e em 1687 ele mesmo escreveu A Economia Divina ou Sistema Universal, obra de teologia onde a influência de Boehme parece óbvia.

Durante a era do romantismo alemão, Friedrich Schelling admirava e ponderava a obra de Boehme, da qual tomou conhecimento por meio do seu amigo teósofo Franz Xaver von Baader. Este último dedicou a maior parte da sua obra a comentar a doutrina do mestre e construiu uma “dogmática especulativa” para justificar a superioridade da teosofia em relação à filosofia idealista, então dominante na Alemanha no início do século 19. O próprio Hegel viu em Boehme um precursor do pensamento dialético, tendo o "filósofo teutónico" sido, segundo ele, o primeiro a perceber a contradição universal do mundo e a interpretá-la dentro dum processo dinâmico, também o primeiro filósofo a ter revelado a sua finalidade ideal. Entre os escritores românticos, Ludwig Tieck e Novalis estavam particularmente interessados na sua obra, da qual extraíram parte da sua imaginação mística.

❓ Os seguidores de Jacob Boehme seguiram o mestre ou adaptaram o sistema dele aos seus?



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